O Berto (Bertão)
Quem não se recorda do visitante diário da nossa escola Risoleta, o Bertão? Aquele cara altão, que os pequenos tinham medo e os marmanjos tentavam puxar papo, sem êxito.
Ex-alunos relatam que todos os dias entre 17h e 17h30 ele aparecia pelo corredor das salas, sempre calado visitava sala por sala, entrava, se sentava um pouco em determinada carteira e em questão de segundos já partia para a sala seguinte. De vez em quando, no momento em que a galera estava desinteressada a professora dizia assim: Pessoal, vocês não querem prestar atenção, mas o Berto quer! Não é Berto? Esta era a única vez em que ouvíamos a sua voz, num breve “É!”.
Quem nunca ouviu aquela história de que o Berto morava em frente à escola e que não podia estudar. Todos os dias ele fugia de casa e corria para a Risoleta. A mãe dele sempre o buscava e, morrendo de vergonha, pedia desculpa para o diretor. Certo dia, o diretor da época achou melhor deixá-lo visitar a escola quando quisesse. E assim foi, até os dias de hoje. Pura lenda!
A verdade é que Umberto Belini Hespanhol, descendente de italianos, foi aluno de nossa escola. É verdade sim! Ele estudou na década de 60, época em que a escola possuía o nome de “Grupo Escolar São Domingos”. Outro fato que desmente a lenda é que o Berto nunca morou em frente à escola, mas morou seis meses na Avenida Nove de Julho, depois mudou-se para a Vila Amorim por mais seis meses e então retornou a morar na rua B.
Bom, verdade seja dita, Berto ainda está firme e forte frequentando nossa escola, mas o curioso é que mudou o seu horário de visita (passou a vir no período da manhã) e também ele já não vai mais às salas de aula, passa somente pela secretaria e de vez em quando se senta um pouco no pátio.
O importante é que ele sempre será querido e lembrado por todos nós; funcionários, alunos e ex-alunos. Porque afinal, Bertão já faz parte da nossa escola.
Texto: Jozy Santos