quarta-feira, 20 de junho de 2012

RECORDAÇÕES ESPARSAS ACERCA DE MINHA PASSAGEM PELA
ESCOLA RISOLETA LOPES ARANHA

- Entrei na Risoleta em 1977, na primeira série, aos seis anos. Eu faria sete anos em Outubro daquele ano. Era uma escola imensa para mim, que vinha de uma escolinha de educação infantil que ficava no início da avenida 9 de Julho, hoje chamada de Bacuri. Para minha sorte alguns dos meus amiguinhos de escolinha infantil também foram para a Risoleta e eu não me senti deslocado.

- Eu não morava perto, morava próximo ao campinho de futebol que ficava lá no início da 9 de Julho. Com sete anos apanhava o ônibus sozinho para ir para a Risoleta. Eram outros tempos, tenho a impressão que havia mais paz e segurança. Me parece que mesmo as crianças sabiam se cuidar.

- Creio que foi na terceira e na quarta séries que tivemos a dona Clélia Sega como professora. Ela era diferente, enérgica mas compreensiva, tenho a impressão que ela respeitava as diferenças entre as capacidades dos alunos. Lembro que gostava das aulas de educação artística e da leitura de livros da coleção Vagalume.

- Eu fiz um desenho uma vez, de uma barata varrendo um casa, lembro-me perfeitamente, eu devia ter uns 9 anos e todo mundo adorou o desenho. Chamaram minha mãe para mostrar e elogiar o desenho. Foi importante para mim, talvez a primeira vez em que eu me senti artista.

- Também adorava as redações. Parece que o pessoal também gostava, as professoras sempre pediam para que eu lesse a minha. Minhas queridas professoras de português, as donas Vera e Marlene, me apoiaram sempre, dando toques, elogiando, direcionando meus textos. Também indicando leituras importantes. A leitura de “O Cortiço”, de Aluízio Azevedo, mudou minha vida.

- Ajudei a montar a biblioteca da escola e fui voluntário no atendimento da biblioteca; duas ou três vezes por semana, por meio período no dia, eu ficava na biblioteca atendendo os alunos que queriam fazer trabalhos e emprestar livros. Na verdade, eu ficava por lá lendo. Era uma delícia!

- As matérias exatas sempre foram um grande problema para mim. Mas a doçura da dona Márcia compensava a chatice da matéria – a tal da Matemática, no caso. O seu Celso, de Ciências, tinha uma paciência imensa. Foi com a nossa turma que inauguramos o laboratório de Ciências da Risoleta. Foi na minha turma também que se deu a primeira aula de educação sexual na escola, uma reivindicação minha e dos meus amigos. Foi uma aula sensacional, algo constrangedora, claro, afinal devíamos ter uns 13 ou 14 anos. Mas esclareceu todas as minhas dúvidas sobre sexo. Todas!

- Ah, os namoricos. Minha primeira paixão foi, claro, não-correspondida: era a Ana Lúcia, menina linda de cabelos castanhos e olhos claros. Nunca roubei um só beijo dela. Minha irmã também estudava na Risoleta, ela entrou em 1980, e eu passei a dar em cima das amigas dela. Dar em cima pode parecer meio agressivo, mas não era: éramos todos muito ingênuos e as paqueras eram inocentes.

- Não dava para namorar dentro da escola, lá estava a monitora Neiva. A Neiva, para mim, é quase uma entidade. Mãe-negra de uma geração, a Neiva conseguia o respeito através do amor. O que dizer da Neiva que não seja elogio e saudade?
- Falando em autoridade, boa parte do período em que estive na Risoleta o diretor foi o professor Wilson. Austero do alto de seu bigode, lembro-me dele de suéter marrom, sempre pronto para dar boas bolachas em nossas faces. Não era agressão, era carinho. Era seu jeito de demonstrar. Lá pela sétima ou oitava série eu liderei um movimento pelo fim do uniforme – e ele foi muito democrático e aberto ao diálogo. Conseguimos derrubar a obrigatoriedade do uniforme. Foi a primeira escola da cidade a conseguir.

- Nunca fui bom em esportes, mas tive um professor bacana que, depois, se tornaria um amigo: o Mirandola. Mesmo nanico e com coordenação motora retardada, joguei no time de basquete da escola. Era reserva, mas um dia – um único dia, eu tinha que passar por isso! – fui colocado para jogar numa partida do campeonato inter-escolas, pelo Centro Cívico. Peguei na bola duas ou três vezes e, claro, fiz merda. Foi o fim d minha carreira de esportista. Mas adorava ir torcer e acompanhar os jogos, meus amigos, o pessoal da minha turminha, eram bons em esportes.

- Por um breve período eu fiz algum sucesso na escola. Primeiro porque montamos um “jornal falado” muito, muito engraçado, eu, Márcio Pitolli e Silvio Henrique de Souza, espécie de “núcleo duro” da intelligentsia (hahahahahaha) da escola. E também por ser o ator principal em uma peça que montamos na paróquia de São Domingos. Éramos todos freqüentadores assíduos das missas do padre Vitor – até coroinha eu fui!

- Gostávamos tanto da escola que quando estávamos na sétima série ouvimos sobre a possibilidade da Risoleta ter também o Segundo Grau e ficamos empolgados. Batalhamos para que o Segundo Grau fosse implementado na escola e foi felicidade geral quando aconteceu o anúncio. Assim, a minha turma foi a primeira turma do Segundo Grau a se formar.

- Fui orador da minha turma nas duas formaturas, do Primeiro e do Segundo Grau. A formatura do Segundo Grau teve a direção artística da dona Rosália. Ah, a dona Rosália, uma morena bonita e agitada, ensinou minha geração a pensar, a questionar ainda mais, a fazer a diferença. Saudades imensas dessa maluca.

- Meus amigos de escola eram os amigos de finais de semana, de domingueiras, de festinhas, de bebedeiras. Não havia drogas naquela época, agradeço por isso. Tínhamos um grupo unido em nossas diferenças, são bons amigos ainda hoje, apesar do contato rarefeito que temos: o Reginaldo Pértile, o Jair Brás, o Jéferson Antoniolli, o Sandro Cabral, o Itamar Santos... Foram muitos os colegas, seria injusto nomeá-los todos, mas alguns me acompanharam por mais tempo na escola e na vida, como o Marcelo Leite e as queridas Márcia Braga e Adriana Guidolin que estudaram comigo durante boa parte de minha passagem pela Risoleta.

- Fiquei na Risoleta até 1988 – ou seja, por 11 anos. Mas não me considero um ex-risoletense. Uma vez que você passa pela Risoleta ela nunca mais sai da sua vida. Foi assim comigo.



Americana, 18 de Maio de 2010.


Luiz Biajoni.
Escritor.

terça-feira, 12 de junho de 2012

CURIOSIDADES
Em 50 anos de escola Risoleta...

...Já passaram por nossa escola mais de 11.117 alunos.
...Quase 600 professores já atuaram em nossa escola.
...Dona Wanda Lohr Delgado, a irmã do Sr. José Lohr, foi a funcionária que atuou por mais tempo na Risoleta. Quando seu irmão estudava em nossa escola (época em que ainda era "Grupo Escolar São Domingos") ela já atuava como funcionária na secretaria.
...A escola adquiriu um relógio de sol no final dos anos 90, graças ao professor Nelson, o "Belo".
...Os primeiros alunos do Grupo Escolar São Domingos (hoje EE Profª Risoleta Lopes Aranha) foram alunos vindos das antigas "1ª Escola Rural do Bairro São Domingos" e "Escolas Reunidas da Fazenda São Jerônimo". Mas não foram todos os alunos dessas escolas que vieram para a nossa, alguns foram remanejados para a escola do bairro Parque Gramado.
...Em 2011 nossa escola conseguiu o prêmio "Escola Modelo" de preservação ao meio ambiente, graças aos alunos do 2º ano do Ensino Médio.
...Nas décadas de 80 e 90 haviam o desfile de Rainha da Primavera, a Taça Santista e o desfile de 7 de Setembro; eventos esses que criavam grande movimentação e participação entre os alunos.
    E esses foram alguns acontecimentos que se tornaram história para a nossa escola Risoleta. Quem souber de mais curiosidades sobre nossa escola, por favor deixe aqui o seu comentário.
Texto: Jozy Santos